Gente Interessante
Os desajustados e revolucionários felizes e produtivos que dão o colorido ao ecossistema do software livre
Uma das coisas das quais eu mais gosto no ecossistema de software livre é que ele é composto, principalmente, de desajustados.
Calma. Isso é bom.
Os Bem Ajustados e Felizes
Um programador bem ajustado logo encontra um emprego estável e vai trabalhar no departamento de TI de uma empresa séria, para escrever e manter os programas que fazem aquela empresa funcionar. Fazem aqueles programas complicados e se orgulham, não sem motivo, de como todas as coisas lá funcionam bem. Não têm qualquer problema em usar as ferramentas toscas que recebem, confiam nas diretrizes determinadas por seus superiores hierárquicos e raramente "pintam fora das linhas". Escrevem seus programas em ABAP, Java, C# ou (argh) Visual Basic, guardam seus dados em BDs Oracle ou SQL Server (ou, argh, Access) e trocam e-mails e constroem aplicações de workflow com (argh duplo) Exchange ou Lotus Notes.
Em resumo, fazem tudo como o livro manda. Tudo da forma mais segura possível.
E são felizes assim.
E eu preciso dizer: não há nada de errado nisso.
Mas não é pra mim. Desde cedo eu soube que eu era o pino redondo para o buraco quadrado.
Os Desajustados Felizes
Talvez a coisa mais interessante sobre eles é que eles têm backgrounds os mais diversos. Há computólogos, claro. Mas há biólogos, psicólogos, médicos e matemáticos. Há autodidatas que nunca sentaram nos bancos de uma faculdade e outros que passaram anos dormindo nos bancos de faculdades.
E, bem por isso, esse ecossistema é mais vibrante e diverso. É mais criativo e imprevisível.
E, sem dúvida, não há nada de errado nisso.
Fazendo Dinheiro
Hoje fiquei sabendo, pelo Hacker News (minha primeira leitura depois de saber que não há incêndios a apagar), que o Stani (do Stani's Python IDE), foi o autor da proposta vencedora em um concurso para escolher o design de uma moeda comemorando a rica tradição arquitetônica da Holanda.
Em um post em seu blog, ele explica o conceito por trás do design da moeda de 5 Euros que entrou em circulação ontem. O post é também uma bem-humorada resposta ao comentário de Mark Shuttleworth, que disse que não se pode ganhar dinheiro fazendo um Linux desktop.
Humor e Horror
A Ars Technica, um dos meus sites favoritos, parada obrigatória toda semana, publicou hoje (dia das bruxas, ou "Halloween", como preferem os anglófonos e anglófilos entre nós) uma divertida paródia do clássico conto de H. P. Lovecraft, "The Call of Cthulhu". É uma leitura deliciosa por remeter ao conto de horror original enquanto introduz referências à "mitologia" do open-source, dos incompreensíveis scripts Perl à eterna rivalidade entre os defensores do software livre e os "cúmplices" da Microsoft.
São trabalhos feitos com paixão.
Essa é a força desse pessoal.
E isso faz toda a diferença.