Eu quero?
O IDG Now! (que roda em Plone, exatamente como esse site que você lê), deu uma notinha dando conta de que o Windows 7 já vazou pra torrentolândia e que pode ser facilmente baixado por quem quiser dar uma olhada nele.
Eu preciso confessar que estou um pouco curioso. Eu fui beta-tester do Vista. Reportei um único bug (que nunca foi corrigido - apagar o setor de boot na instalação e estragar o dia de quem usa outros sistemas, aparentemente, é um feature) e ganhei, com isso, uma licença do Ultimate que eu nunca instalei. Está lá, queimado em um DVD com o código da licença num papel. Eu sou curioso e acho que não há mal nenhum em olhar um produto só porque ele é da Microsoft. Ainda mais, um produto no qual o futuro da maior empresa de software do planeta depende. Gostemos ou não da MS, o Windows 7 é importante.
A questão é se eu estou curioso a ponto de baixar um torrent, queimar uma mídia e instalar num computador.
Acho que não. Muito trabalho...
Nesse sábado eu instalei o Ubuntu 8.10 no meu netbook e estou feliz da vida com ele. Reconheceu tudo de primeira, exceto o wireless, um Atheros bem nojentinho, que deu um pouco de trabalho (ler uma página na web e repetir dois encantamentos: instalar um pacote e setar um default). De resto, tudo é ótimo. Vídeo funciona bem (Intel e Linux funcionam muito bem juntos), ele gosta do meu queimador de DVD externo, a bateria dura uma eternidade e é muito fácil de carregar por aí. Virou meu computador de trabalho.
Não tenho qualquer compulsão irresistível de instalar o Windows 7.
Se pintar um convite pra beta-tester no Connect, talvez eu dê uma olhada. Talvez eu até reporte algum bug.
Mas pedir que eu tenha trabalho com isso, já é demais.
O press-release nosso de cada dia
Depois do fracasso do Vista, é importantíssimo para a Microsoft que o Windows 7 seja um sucesso. Mais do que isso: é importantíssimo que as decisões de migrar para fora do Windows (seja para o Linux, seja para o Mac ou mesmo apenas os servidores para algum Unix) sejam adiadas pelo maior tempo possível.
Para atingir esse objetivo, eles precisam de duas coisas: da expectativa por um bom sistema operacional, com recursos avançados e de credibilidade de que ele seja entregue.
A forma mais simples de se conseguir isso é "abrindo" o processo do desenvolvimento. Noticiando e distribuindo betas e plantando notícias. Não acontece um único dia sem uma notícia sobre o Windows 7. É de propósito.
Os features "da moda" também não podem ser deixados de lado nos releases:
- Se multi-touch virou moda com o iPhone, Windows 7 tem que ter (por mais que não faça sentido a não ser em tablets). Leia-se: "Somos modernos e podemos fazer tudo o que a Apple faz (por mais que ela diga que não vai fazer porque é uma idéia estúpida)".
- Se a "nuvem" é importante, ele tem que suportar até 256 núcleos. Leia-se: "Não pense em trocar seus servidores Windows por servidores Unix - nós também seremos capazes de usar servidores parrudos".
- Se netbooks fazem sucesso, ele precisa poder rodar neles. Leia-se: "Você vai poder comprar um netbook com o Windows mais moderno. Não compre um com Linux".
Essas são algumas características-chave que foram divulgadas. Do mesmo jeito que com o Windows Vista, eu aposto, várias delas (dos que já foram anunciadas e das que ainda virão) serão eliminados até o lançamento na primeira metade de 2010.
É só voltar a essa página em 2010 para ver no que deu.
Golpes Baixos
Eu até concordo que a Apple pega no pé da Microsoft nos anúncios da campanha Get a Mac. Também concordo que a MS acertou em cheio com a segunda fase da campanha, com os vídeos "I'm a PC" (eu também sou, mas rodo Linux), mas colocar quiosques em frente às Apple Stores é forçar um pouco os limites do socialmente aceitável. É intrusivo.
Nos quiosques, funcionários da empresa (terceiros da agência de publicidade responsável, provavelmente) convidam pessoas a gravar seus próprios vídeos para, supostamente, fazerem parte de comerciais futuros.
E não adianta dar uma de espertinho e dizer "I'm a Mac" ou "I'm a PC and I run [Linux|BSD|Solaris]". Alguém vai olhar antes de publicar.
Afinal, são os dólares reservados à publicidade funcionando...