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"Erro no processo da assinatura digital após retorno do Applet Assinador. Tente mais tarde"

Certamente eu não sou a única pessoa a detestar a nossa Receita Federal. E não é nem pelos impostos, dessa vez. Eu sei que o trabalho deles é cobrar, que não são eles que inventam os números malucos com os quais eu tenho que viver.

Nos últimos dias troquei e-mails mal-criados com meu contador por conta de um problema com o sistema de procurações eletrônicas da Receita. Em teoria, é lindo. Eu tenho um certificado digital assinado pela Certisign. Esse certificado fica instalado no meu navegador e prova, se o site quiser e eu deixar, que eu sou eu. Isso é uma das formas que a Receita aceita como prova de identidade. Uma vez provado que eu sou eu, eu posso agir como representante de uma pessoa jurídica e criar uma procuração para que meu contador envie relatórios, preencha formulários, solicite informações e, no geral, me poupe de lidar diretamente com esse feudo do governo. Qualquer coisa que torne o governo mais eficiente (e barato) é boa pra mim. Se o preço de economizar uns 5 metros quadrados de agência e 30 minutos de um atendente é comprar um número primo, que seja.

O problema é que, há dias, estou tentando gerar a tal procuração nos dois notebooks que eu uso regularmente, ambos rodando Ubuntu Linux 10.10, um deles de 32 bits e o outro de 64. Sou sempre confrontado com uma mensagem "Erro no processo da assinatura digital após retorno do Applet Assinador. Tente mais tarde". O applet é um programa em Java. Eu tenho o Java aqui (1.6 da Sun/Oracle, um pouco mais novo do que o que a Receita pede). Tenho também o Firefox, que é uma coisa que a Receita pede. Tudo funciona até o momento em que eu assino a procuração usando applet e o certificado digital. Tentei mais tarde, tentei em dias úteis, mudando o prazo da procuração, horário comercial, 32 bits, 64 bits... Tentei tudo.

Hoje, por um outro problema completamente diferente, estava instalando um Windows em uma VM e, após uma calorosa troca de e-mails com meu contador (pela qual eu já pedi desculpas) resolvi tentar mais uma vez. Instalei meu eCPF (o nome comercial dado ao certificado) e o Java (da Sun/Oracle, como no Linux) e fui lá fazer a assinatura da procuração com o IE que estava instalado na VM. Funcionou.

Que m* é essa? A Receita está mesmo me obrigando a usar Windows? Se é assim, escreve logo no site que eu nem tento usar Linux. Não dê uma mensagem de "tente mais tarde". Diga de uma vez "não deu certo desse jeito", "tem algum problema no seu computador" ou algo parecido.

Com todo o suporte que o governo federal diz dar ao software livre é plausível que esse sistema nunca tenha sido testado com Linux? Com a distribuição mais popular dele?

Serei eu o único com esse problema?

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Por que você não deve deixar de ir à LinuxCon só por causa do keynote do Sandy Gupta

Os amigos

Muitos amigos meus estão dizendo que não vão à LinuxCon Brazil por conta de um keynote por um representante da Microsoft. Isso me preocupa muito e me preocupou a ponto de eu me decidir a escrever este post

O mentiroso

A Microsoft é uma entidade engraçada. É extremamente consistente e previsível. Joga baixo, sempre que pode. Seus funcionários acreditam, de coração, que está tudo bem e que é normal fazer essas coisas. Se me convidarem pra jogar bola, eu não vou. Devem dar caneladas, cotoveladas e tudo o mais que puderem, desde que acreditem que vão ficar impunes.

Sandeep Gupta veio da SCO. Foi ele o cara (eu pensei em usar "mané", mas ele sabia muito bem o que estava fazendo) que anunciou (PDF) que havia código do Unix no Linux. Eu escrevi sobre isso há muito tempo - desde então se provou que o Linux não tem código Unix nele e que a SCO não tinha nenhum direito sobre o código que ela dizia ser dela que ela dizia que foi parar (e não foi) dentro do Linux. Lá ele chegou a ser presidente da SCO Operations, seja lá o que fosse que ela operasse.

Muita gente suspeita que a SCO foi apenas um laranja para a Microsoft. A Microsoft tem uma série de coincidências interessantes de executivos que destruíram competidores e que, depois disso, acabaram trabalhando em cargos prestigiosos da empresa. Um que eu me lembro fácil é Rick Beluzzo, que fez com que a HP praticamente abandonasse o desenvolvimento do HP-UX e priorizar servidores Windows, porque, nas palavras dele "NT é o futuro" (em tempo - a divisão de servidores da HP que mais dava lucro era a dos HP-UX, na última vez que eu olhei). Depois da HP ele foi a Silicon Graphics (mais ou menos na época em que a Microsoft comprou a Softimage e estabeleceu o NT como alternativa viável para animação) e que acabou licenciando a preço de banana a tecnologia de aceleração de 3D deles para a Nvidia (que permitiu PCs com performance de 3D similar às SGIs e que enterrou de vez o negócio deles). Depois disso ele foi parar na MSN e deve ter ganho seus vários milhões com isso tudo. A história de Gupta é um paralelo notável e demonstra que, se não a SCO, pelo menos ele esteve a serviço da Microsoft desde o início.

Você contrataria um executivo como ele?

Nem eu.

Mas esse não é o ponto. O homem é um pulha e a Microsoft não é uma empresa ética. Isso não é segredo e nem é a primeira vez que eu digo isso.

O evangelista

James Plamondon era um evangelista da Microsoft. Em uma apresentação, ele explicou como se faz para esvaziar um evento de um competidor - a Microsoft simplesmente aparece no evento. Plamondon, nessa entrevista, se vangloria de ter acabado com duas conferências de desenvolvedores de Mac tornando-as multi-plataforma e impondo tracks com palestras que não interessam a ninguém. Desenvolvedores de software para Mac não querem ir a uma conferência para assistir palestras sobre como escrever software para Windows. Ao impor sua presença, ele espanta conferencistas e, a longo prazo, estrangula a conferência, que morre, aparentemente, de causas naturais. A primeira foi a Mac App Developers Conference, onde ele era membro do board da associação por trás. A segunda foi a Technology and Issues Conference. As duas tiveram uma vida longa antes da Microsoft decidir acabar com elas.

Está tudo aqui. Essa parte que eu mencionei está na página 27, mas o PDF tem 66 páginas de pura maldade (o método que ele usou para entrar na grade de uma conferência é particularmente maligno). Esse pessoal não é só ultra-competitivo. Eles não tem caráter nenhum.

O vilão

Não tenha dúvida de que a Microsoft pagou, direta e indiretamente, para estar na LinuxCon. Mas nós ganhamos com isso. O evento fica melhor no geral, tem mais dinheiro, as entradas podem ser mais baratas e o lanche pode ser melhor. O espaço pode ser mais bem-cuidado, as palestras podem ter mais pessoas. E o preço disso é que temos a oportunidade de ir lá e detonar com o cara no keynote dele. Gente! É o cara da SCO! Melhor que isso só se fosse Bill Gates! Ele vai ser um alvo fácil falando por uma hora. Você pode estar no auditório e, quando ele subir ao palco, sair como forma de protesto (cuidado - ele vai usar a carta da "intolerância" e do "fanatismo" para nos demonizar). Melhor é ficar e crivá-lo com as perguntas mais pontudas e cortantes que puderem imaginar. Se você tiver uma credencial de imprensa, use-a para fazer perguntas na entrevista coletiva. O cara é mau e merece. Simboliza e protagoniza tudo o que existe de mais errado em nosso mercado. Eu lamento profundamente não poder ir pessoalmente dessa vez, mas minha oportunidade de trollá-lo vai chegar.

O que não podemos fazer

Essa parte é muito importante.

Evidentemente, não podemos usar de violência. Eu imagino que também não seja permitido entrar com tortas no auditório. Mais importante do que tudo isso é não deixarmos que a Microsoft esvazie o evento. Se você não aprova e não tem estômago pra ficar ouvindo, vá para o corredor durante o keynote fazer alguma coisa. É uma LinuxCon, afinal. Vá escrever algum código que ajude os outros. Encontre alguém e vá resolver algum problema seu. Deixe que ele fale sozinho sobre a interoperabilidade que a empresa dele não quer. Distribua folhetos, imprima a página 27, traduza, publique em seu blog. Faça algo. Eles vivem da nossa inação.

Mas, mais do que tudo isso, não deixe de ir. O evento e a comunidade a que ele serve não precisam de Guptas e Plamondons.

Precisam de você.

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Vivendo no Windows, parte 3 - a reinstalação

Durabilidade

É um fato conhecido que instalações de Windows "apodrecem". À medida em que programas são instalados e desinstalados, discos são fragmentados e desfragmentados e atualizações são aplicadas umas sobre as outras, aparentemente, coisas se estragam, a máquina fica esquisita e chega, finalmente, a hora de formatar o HD e reinstalar tudo.

E nem mencionei o problema de malware crônico que aflije usuarios de Windows desde que a internet deixou de ser um clube para cientistas bem educados para se tornar um antro de marginais dispostos a tomar seu computador de você.

É verdade que o Windows tem feito progressos expressivos. Nos meus dias de Windows 95 e NT, um Windows apodrecia em mais ou menos um ano. Seis meses, se você instalasse um Visual Studio ou algo parecido. Foi com o NT4 que eu adquiri o hábito de ter uma partição do disco para o sistema operacional e programas e outra só para os meus dados, hábito que persiste até hoje no meu Ubuntu. O Windows 2000 foi um bom progresso. Com ele minhas instalações sobreviviam por cerca de um ano de uso pesado (naquele tempo eu ainda desenvolvia quase que exclusivamente para as plataformas da Microsoft). O XP marcou uma outra melhoria - elas passaram a durar mais tempo. Pode ser que eu tenha parado de programar para Windows e que isso tenha facilitado a vida das ferramentas de auto-limpeza dele, mas pode também ser que o sistema tenha ficado melhor. Do Vista não ouço muitas histórias de horror. Por outro lado, ninguém usa o Vista há tempo suficiente para ter problemas sérios. E, com a chegada iminente do Windows 7, nem vão.

A verdade é que, se você não maltratar muito a sua máquina Windows (instalado coisas vindas de lugares suspeitos, por exemplo) é bem capaz que ela dure anos sem precisar de uma reinstalação. O máximo que você pode precisar é instalar o PageDefrag (não funciona no Vista, até onde eu sei) e deixar que ele faça seu trabalho quando necessário (apesar do nome, ele desfragmenta o registry e outras coisas importantes também).

Nada do que você faça vai transformar o Windows em um ótimo sistema operacional, mas, pelo menos, você pode evitar que ele se torne um transtorno.

Isso tudo, claro, não evita outra mazela da vida com computadores: problemas de hardware.

O HD clicando

Um tempo atrás, meu computador de trabalho (um Dell D-630, mais feio do que bater na mãe, mas robusto como um tanque) começou a dar sinais de que o HD estava prestes a falhar - o HD começou a produzir cliques altos. Como eu notei o problema logo, avisei o pessoal que cuida das máquinas para que se preparasse para receber um paciente terminal e já pedisse o HD novo para a Dell, evitando perdas de tempo.

Fazendo back-ups depressa

Nessas horas, a primeira coisa a se fazer é um back-up de tudo o que é importante.

Como o código-fonte em que eu estava trabalhando está em um Subversion, eu simplesmente fiz um commit e mandei para o servidor, onde ele fica seguro.

Não fosse a tragédia de usarmos Exchange, eu não precisaria fazer nada com o e-mail. Como a empresa usa Exchange, de tempos em tempos eu tenho que mover e-mails antigos para fora do servidor, onde eles têm back-up, para a máquina (e o HD) que ia parar a qualquer momento. O Exchange simplesmente não sabe lidar com muito e-mail. O mailbox de trabalho que eu usei por uns 5 anos acumulou uns 4 gigas de dados, sempre no servidor. O meu mailbox no Gmail tem uns 2 gigas. O meu no Exchange não pode passar de 100 megas. Copiei o .PST para um pendrive.

É por coisas assim que ordens judiciais para que uma empresa entregue e-mails de 2 anos atrás são um pesadelo de administradores de sistemas Windows. Bem-feito. Quem mandou deixar usarem Exchange?

Para os logs do Pidgin (não - eu não uso o Live Messenger nem no Windows) eu adotei a solução que já vinha adotando - rodei o rsync nas pastas dele para o pendrive, onde só as mudanças foram copiadas. Eu já usava o procedimento para consolidar os logs entre meu computador de trabalho e meu computador pessoal, então, não precisei me preocupar muito com isso.

Eu tenho também no meu computador uma coleção de revistas em PDF. Para essa coleção, também uso o rsync para sincronizá-la com a outra cópia dela (ou o original), que fica no meu computador pessoal (que, apesar de ser um netbook minúsculo, costuma ficar em casa e é onde eu estou escrevendo isso).

Os podcasts que o iTunes baixou e outras coisas maiores foram compactados e copiados para um servidor na mesma rede.

Eu sei que o Windows tem um "assistente de migração", mas, como eu mantenho meus dados separados de todo o resto, a única coisa que ele poderia preservar era precisamente todo o lixo e restos de programas instalados que eu queria aproveitar para remover. Além disso, ele pode levar muito tempo para rodar e, se o HD morrer antes dele terminar, você acaba com precisamente nada.

Ele também é inútil quando você está reinstalando a máquina por causa de algum vírus que foi contraído porque alguém baixou um programa vindo de um site suspeito na Estônia. O malware provavelmente será parte do back-up. Na verdade, nenhum back-up que você não possa inspecionar detalhadamente pode ser um vetor para uma reinfecção. É uma péssima idéia.

O resultado

Configurar máquinas Windows é muito chato e demorado. Depois de instalar a imagem padrão da empresa, para qualquer extra você tem que caçar o disco de instalação do programa (ou caçá-lo na web) baixar o instalador, rodar o instalador, passar atualizações de segurança, rebootar várias vezes... Depois de receber a máquina com a instalação padrão, eu levei mais de dois dias para voltar ao meu nível normal de produtividade.

Em contrapartida, a máquina ficou mais "redonda". Parece um pouco mais rápida. Continua um Windows com todos os problemas e pequenas insanidades que eu já comentei antes, mas, ainda assim, o progresso foi sentido.

A profunda insanidade desse processo todo me choca. O jeito Linux de fazer a coisa (através de repositórios e controle de pacotes) é muito mais racional.

Adendo: se livrando de um HD

Quando levaram meu HD embora eu perguntei o que ia acontecer com ele. Muitas empresas não se preocupam com isso, mas eu me preocupo. São dados de trabalho, cronogramas, orçamentos, contratos e mais um monte de coisas que não deveriam nunca sair do prédio. Muitas vezes adicione a isso dados pessoais, certificados digitais de bancos e outras coisas que seriam a festa de um ladrão de dados. Quando seu técnico for devolver seu HD ao fabricante, pergunte o que ele vai fazer. Se ele disser que vai excluir a partição, faça-o ler esse parágrafo. Se seu HD ainda funciona você precisa gravar algo por cima dos seus dados. Contra malfeitores medianos, zeros bastam para todos os dados menos importantes, mas, se você mais paranóico e quiser se prevenir contra malfeitores competentes e com recursos, eu indicaria gravar dados aleatórios no seu disco. Tanto no caso dos zeros como no caso de dados aleatórios, eu uso o dd. É um utilitário de linha de comando comum a vários sistemas Unix-like. E, mais legal, é livre - grátis e vem com código, pra você ter certeza de que ele faz o que você quer que ele faça.

Afinal, com segurança de dados não se brinca.

Este artigo também está disponível no Webinsider, em http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/10/04/vivendo-no-windows-parte-3/

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Ubuntu e o tempo de boot

Ubuntu e o tempo de boot

Não é lenda que máquinas Linux quase nunca bootam. Assim sendo, o tempo que elas levam para ficar disponíveis depois de serem ligadas é despresível comparado com o tempo em que você fica usando a máquina. Infelizmente, nem todo mundo pode deixar seu computador ligado, suspenso ou hibernando todo o tempo. Eu prefiro desligar meu netbook quando não vou usá-lo por algumas horas e, por conta disso, tenho que passar por uma "partida a frio" do computador quando quiser usá-lo de novo.

Pensando nesses usuários, o pessoal da Red Hat e da Canonical tem feito enormes progressos na redução do tempo de partida de nossos computadores. O vídeo abaixo (tirado daqui) mostra um Thinkpad com "disco" flash indo do auto-teste ao browser em pouco mais de 20 segundos.

Bootar de um disco de verdade deve demorar mais, mas, ainda assim, estou impressionado com o resultado.

Se pelo menos o Vista fizesse isso depois de um BSOD...

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