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Resultados da Pequena Pesquisa

Alguns dias atrás, depois de um post relativamente grosseiro que eu fiz, eu me propus a conduzir uma pequena pesquisa para responder algumas perguntas:

  1. Programadores inexperientes realmente tem uma tendência a escolher Java como linguagem de implementação?
  2. Programadores tendem mesmo a rejeitar o BASIC (Visual Basic, VBScript, VB.Net etc)?
  3. Quais programadores rejeitam o que? Há algum padrão reconhecível por experiência ou escolha de linguagem?

Hoje, depois de minhas merecidas férias e de mais ou menos 300 respostas, eu acho que posso começar a comentar sobre alguns resultados interessantes.

Sobre a pesquisa

Como o formulário diz, a pesquisa é metodologicamente falha - de um questionário incompleto, potencialmente inconsistente a uma amostra viciada - e uma causa perdida do ponto de vista científico. Não tenho intenção alguma de traçar o perfil definitivo dos programadores lusófonos. Minha intenção era apenas lançar alguma luz sobre as questões que eu enumerei há pouco e confirmar ou refutar meu mal-criado post.

Um dia, talvez, eu faça algo sério. Hoje não.

De longe, o problema mais chato de ajuste dos dados foi a amostra viciada: minhas preferências de listas de discussão impactaram significativamente as respostas. Previsivelmente, muita gente da comunidade de usuários de Python respondeu, desviando todas as leituras. Para chegar a dados mais significativos, em alguns casos eu precisei reduzir o peso das respostas em que Python é a primeira escolha para refletir melhor a realidade. Vários dos números que eu vou apresentar a seguir refletem esses ajustes.

Java e os inexperientes

Java foi a linguagem de escolha de 19% dos novatos (com experiência de até 3 anos), praticamente empatada com C# (17%). Ambas ficaram atrás de PHP que é a escolha de 33% dos inexperientes.

O fato de Java e C# serem relativamente populares entre os novatos pode ser atribuído a vários fatores: das oportunidades de emprego aos excelentes IDEs disponíveis (sim, Visual Studio é um ótimo IDE, mas apenas se você nunca for desenvolver nada para qualquer outra plataforma que não Windows).

A parte importante é que meu mal-criado post está errado: os inexperientes preferem PHP.

Quanta gente odeia o BASIC?

Essa não foi surpresa. Falando friamente, VB (que é o único dialeto sobrevivente de BASIC) é uma porcaria. Foi legal nos baixos anos 90, principalmente porque permitia escrever programas para Windows quando a única alternativa seria o Microsoft C ou a família Turbo Pascal e seus descendentes. Linguagens de terceiros para Windows sempre deixavam "cicatrizes" de interface e isso sempre me incomodou - é parecido com o efeito de se usar AWT em programas Java: eles simplesmente não parecem "certos" em nenhuma plataforma.

De qualquer modo, metade dos respondentes declararam que não usariam BASIC (o que inclui VB.net e VBScript) por nada nesse mundo. Eu acho isso um progresso significativo que enche meu coração de esperança.

O que os programadores mais detestam?

Essa é, no fundo, a pergunta mais interessante. Para respondê-la, precisamos separar nossos programadores em categorias. Para isso vou usar dois critérios: linguagem de escolha e tempo de janela.

Entre os novatos, a linguagem mais detestada continua sendo o BASIC (e seus descendentes). Surpreendentemente, o segundo lugar nessa categoria é o Java. Aparentemente os novatos que não gostam de Java têm opiniões fortes a respeito da linguagem.

Entre os veteranos, com 10 ou mais anos de experiência, o BASIC é o mais detestado. O segundo lugar é do Perl (o que me surpreende um pouco), seguido de Java e C# bem de perto.

Entre os 3 que preferiram BASIC, a linguagem mais detestada por dois deles é o próprio BASIC. Eu imagino que esses dois ou não entenderam o formulário ou não quiseram colaborar. O outro dos três respondentes que preferem BASIC, escolheu quase todas as outras linguagens como as que ele nunca jamais usaria. Como eu o conheço de muito longa data (ele preencheu o nome), eu acredito que ele conheça a lista toda. Ou que tenha me pregado uma peça.

Entre os PHPistas, BASIC é, de novo, a linguagem mais detestada. Interessantemente, o segundo e terceiro lugares pertencem a Erlang e Lisp, respectivamente. Eu achei esse resultado confuso - nunca vi um PHPista que conhecesse qualquer uma dessas duas linguagens o suficiente para detestá-la. Java também é bastante detestado entre os PHPistas, mas não sei se posso levar muito a sério esses resultados considerando a posição do Erlang e do Lisp. Vai entender...

Os Javistas detestam BASIC acima de todas as outras linguagens, mas, em seguida, detestam Smalltalk, Perl e C# igualmente. Interessante, porque pouquíssimas pessoas usam ou usaram Smalltalk (que eu considero uma das linguagens mais interessantes que existem por aí). Eu brinco que o Smalltalk/80 faz o Java/2009 parecer primitivo. E no fundo parece mesmo.

Os amantes do C# também detestam BASIC, o que pode surpreender, uma vez que BASIC é uma linguagem importante no portfolio de linguagens da Microsoft e que Windows é o único ambiente em que C# faz algum sentido. Ainda assim, os C#-istas detestam BASIC com menos energia do que os demais. Em termos de linguagens detestadas, aliás, eles são os que menos detestam.

A turma do Ruby é interessante: detesta BASIC como todo mundo, mas não polariza sua seletividade em nenhuma outra linguagem. Eles detestam muitas linguagens (praticamente todas estão representadas), mas parecem detestá-las igualmente.

Finalmente, o pessoal do Python, que ficou um pouco super-representado nessa pesquisa por conta das listas em que ela foi divulgada, detesta BASIC, como todo mundo, mas detesta Java mais do que qualquer outro grupo - um pouco mais até do que detestam BASIC - coisa única nessa pesquisa. Depois de Java e BASIC, detestam Perl. C# e PHP ficam com distantes quarto e quinto lugares.

O que quer dizer tudo isso?

Muito pouco.

A natureza falha dessa pesquisa não nos deixa tirar conclusões e ter falsas ilusões a respeito de sua validade, mas pode nos apontar em direções interessantes e para outras pesquisas mais elaboradas. Seria interessante saber que outras linguagens os programadores conhecem. Seria bom também relacionar isso com para que plataforma eles desenvolvem. Seria bom também ter mais amostras, mesmo como está - para isso ela vai continuar disponível para preenchimento aqui. Quem quiser respondê-la, sinta-se à vontade.

A pesquisa, assim como está, é um retrato divertido de se olhar e, quanto muito, material para discussões nos botecos próximos aos nossos escritórios. Mas nada muito mais sério do que isso.

E, claro, eu estaria mentindo se dissesse que eu não me diverti muito com ela.

O que, no fim, é o que conta.

Pelo menos pra mim.

Nota: Você encontra esse artigo (com um título melhor, feito por um jornalista de verdade) lá no Webinsider. Lá você também vai encontrar os comentários dos leitores de lá, que são muito mais numerosos que os daqui.

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Pequena pesquisa

Motivado por um post em uma lista que eu fiz outro dia, eu resolvi fazer uma pequena pesquisa para saber como funciona essa coisa de escolher "com qual linguagem eu vou".

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O círculo se fecha

Posted by Ricardo Bánffy at Nov 04, 2008 02:35 PM |

Apenas para ilustrar um comentário meu, a barra de ícones do Windows 7 é, curiosamente, parecida com a do Windows 1.0.

Windows 1.01

Agora, podemos comparar à nova versão (tirada do site BetaNews):

Windows 7 "superbar"

Podemos observar que os ícones são apenas imagens (ao contrário do Windows 3, em que eles tinham um nome) e têm uma região fixa em que podem existir (ao contrário do Windows 2, em que eles podiam ficar em qualquer ponto do desktop).

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Vendor Lock-In

Vendor lock-in é uma prática que torna o cliente dependente dos produtos de um determinado fornecedor. Apesar de repreensível, é uma prática comum em que o fornecedor torna os clientes "reféns" obrigando-os a comprar novas versões do seu produto ou arcar com substanciais custos para migrar seus dados e processos. Funciona tanto com software, quando ele mantém dados em formatos proprietários, como hardware, quando usa interfaces específicas de um fabricante (a IBM foi mestra dísso por décadas).

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